Texto da Região Leste
HISTÓRIA DE LIA – UMA JOVEM MULHER
Lá vai Lia em sua bicicleta. Quem a vê, pequena, morena, magra, mãe de um menininho bonito, não sabe da outra face da vida de uma jovem de 26 anos.
Lia fazia parte do Conselho dos Direitos da Mulher da cidade. Nas reuniões ordinárias e extraordinárias lá estava ela, com sua presença feminina e discreta.
Funcionária de um PSF – Posto de Saúde da Família – representava uma mulher como tantas que existem neste Brasil de meu Deus. Sempre participativa, estava presente nas reuniões do conselho, palestras, eventos, como aquele divulgando a Lei Maria da Penha. Para todas parecia alguém como elas. Mas nem tudo o que parece é.
Num desses dias em que a gente vive sem imaginar a realidade verdadeira das pessoas ao nosso redor, veio ela, a verdade, a sempre suprema verdade.
A presidente do conselho, de forma simples e direta, ficou sabendo da verdade de Lia, verdade essa que nunca falou, nem sequer deixou transparecer.
Lia era espancada por seu companheiro, um homem um pouco mais velho que ela. Juntos há algum tempo, sofria ameaças e apanhava com uma certa freqüência. Não contava pra ninguém, sofria calada.
O problema maior foi tentar ajudá-la. Não queria, não sei se por vergonha ou medo. Hoje, não sei mais nada a seu respeito, mas me pego a imaginar, como alguém igual a Lia pode aceitar uma situação assim? Como a sociedade pode permitir que uma jovem sofra e mantenha-se calada? E esse homem? Algo justifica a violência?
Texto Região Norte
Olho por ai vejo
Quando ando por ai olho e vejo, ou melhor, não vejo não vejo o jovem com o valor que lhe é merecido e assim criticado e taxado como os rebeldes sem causa sem compromisso que não tem responsabilidade. Aí penso será que todos são assim?
Vejo também, ou melhor, ainda não vejo a educação que o jovem e todo o cidadão tem direito conforme se fala na constituição e pior vejo uma cidade em que só se tem uma escola publica de ensino médio. Somente uma escola em uma cidade parece piada não, mas é realidade.
Vejo também uma parcela da juventude alienada sem motivação, sem ideais que cansada de tentar lutar se entrega ao sistema que a escraviza e a deixa vulnerável a ponto de acharem que as drogas é a liberdade.
Mas sabe ainda bem que posso forçar um pouco a vista por que ai vejo e com muita alegria um parcela pequena que ainda luta e rema contra a maré não porque são rebeldes ou querem atenção mas sim por que querem dignidade e direito a vida que muitas vezes lhe é tirado.
E você o que vê?Ou melhor e você faz parte de qual parcela da grande que aliena ou da pequena que acredita que ainda podemos mudar?
Texto Região Centro
Repressão Camuflada
A juventude está cada vez mais sendo reprimida, não como aquela da década de 1970, apogeu da ditadura, mas uma repressão camuflada, onde o jovem por vezes se vê sem saída, a educação pública em situação decadente, desemprego com números alarmantes, o que muitas vezes torna o jovem vulnerável a meios mais fáceis como as drogas e a violência.
Culpar a Juventude pela violência da cidade ou até mesmo pela aglomeração em frente a um shopping center é fácil, difícil é que os responsáveis pela cidade e os moradores tenham sensibilidade e consciência suficiente para pensarem e resolverem o problema de forma simples e justa. Pois é nítido que a Juventude não goza de todos os seus direitos, mas seus deveres são cobrados a todo o momento.
Vivemos em um sistema onde vale o que você tem e não o que você é, uma sociedade consumista e egoísta, uma mídia caluniadora, mostrando meios de vida que não condizem com nossa realidade, e o jovem é obrigado adaptar-se a esse meio, infelizmente muitas vezes por caminhos tortuosos.
O índice de desemprego na juventude é muito grande o que diminui a perspectiva de um futuro melhor, nos dias de hoje a qualificação é primordial para se obter um bom emprego, porém as oportunidades de qualificação não são dadas a todos os jovens, o que temos são empresas privadas que cobram preços absurdos, ou escolas técnicas que usam um processo seletivo rigoroso, assim as oportunidades se limitam apenas a uma parte dos jovens.
Outro fator que reprime, não menos importante, é o fato de que quase não se vê atividades culturais para a juventude, e quando é feita alguma, não há uma boa divulgação, inibindo assim a participação dos jovens, que tanto tem para contribuírem.
É necessário que a educação seja primordial em todos os sentidos, mas é importante que diversão e lazer sejam oferecidas aos jovens como também oportunidades de qualificação e trabalho.
Investir no jovem é crescer, é almejar mudanças, pois juventude quer apenas o seu espaço, quer mostrar o que sabe fazer, quantos talentos, quanta melhoria, jogamos fora ao desacreditar que o jovem é capaz de mudar. Não deixemos a utopia de uma sociedade mais justa se reprimir diante dos sinais de morte da nossa juventude.
Uma sociedade onde os jovens são felizes transforma-se em uma sociedade mais próspera.
Vanessa Graciele Moreira
Texto Região Sul
Falta tanta coisa na minha janela.
Falta tanta coisa na minha janela...Como crianças brincando nas ruas sem ter medo de ser feliz.
Sobra tanto medo da violência, medo de ser a próxima vítima de uma bala perdida.
Falta consciência de que R$ 50,00 R$ 60,00 em um teatro ou em um show é um roubo, uma maneira de impedir o jovem e a jovem de ter acesso a cultura, um direito fundamental garantido pela Constituição Brasileira de 1988
Falta tanta coisa como uma área de lazer e diversão voltada para a juventude. Será postos de gasolina locais apropriados?
Falta consciência de que nossas crianças e jovens precisam de uma educação de qualidade, e não somente dada àqueles que podem pagar por ela, para que assim possam ter consciência de que um mundo melhor se constroe com a ajuda de todos!
Sobra tanto...descaso dos nossos representantes políticos para com as questões sociais da cidade e principalmente políticas públicas para a juventude.
Sobra tanta ineficiência nos hospitais, postinhos, enfim com a saúde da população.
Falta tanta coisa...
Como valorizar o jovem e jovem no mercado de trabalho e dar a oportunidade que lhe é merecida, muitas vezes têm que sustentar suas famílias.
Sobra tanto discursos de senso comum onde o jovem e a jovem é apontado como baderneiros e baderneiras, rebeldes, irresponsáveis, alienados e alienadas e por fim desinteressados e desinteressadas no país.
Mas além das causas de morte, defendemos a vida fazemos presentes mártires e suas lutas, como Irmã Dorothy, Zumbi dos Palmares, Frei Tito, Padre Gyslei de Azevedo, Chico Mendes, Dom Oscar Romero e tantos outros e tantas outras que deram sua vida pela vida de seu povo, apesar de terem sido assassinados continuam vivo no sangue da Pastoral da Juventude.
Sobra tanta força para gritarmos pela liberdade, pela justiça, igualdade e fraternidade.
Sobra tanta força para marcharmos contra a violência, contra o extermínio da juventude.
Apesar nos faltar oportunidades, nos beiramos, agachamos e empurramos, para construirmos uma cultura de vida, foi assim que conquistamos o Conselho Municipal da Juventude de Americana, realizamos as Conferencias de Políticas Públicas de Juventude, o Fórum Político, o Grito dos Excluídos , o Retiro e permanecemos com muito ForFé, força na luta e Fé na caminhada.
Afinal queremos fazer...fazer mais e buscar incansavelmente até chegarmos a utopia da civilização do amor.
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